A flor é sempre a imagem do poema.
de todos os poemas.
vejo-a, bruta, e tão finamente nítida
delicada em des-delícias,
após todos os quereres aquietados
dormidos, inversos
em plena,
plena, ela, ali
fora de todos os rasgos
fora de todas as rosas
aquieta-se
é linda, bruta
assim delicada
ornada de nada
nada
nada
nada
A palavra, não mais secreta,
secreta lenta seiva
-Há, afinal, raízes que se podem replantar-
não pela muda, não a semente
não para que seja flor outra.
para que seja-se plena
não cresce, não morre,
não quer.
Ah, bruta flor transvivida,
transada, em transe transformada
na mais das mais,
a delicada.
Sem ter fim,
total.
despetalada pois
sem país, desejo, mar
frondosa,
minha nossa
flor
Onde não queres nada,
somos,
enfim.
Só assim se poderia algum dia ver. A resposta esteve sempre lá, o segredo.
Escutando infinitas, distante, finalmente percebo.
A plenitude me foi dada de presente, no olho do furacão, da ressaca repuxa, vista de longe
de depois de depois de amanhã.
O segredo do Quereres. era esse.
"onde não queres nada, nada falta"
Eu insisto em palavras mas não há, no fundo, o que te dizer
só essa perfeição que não se
mancha, risca, explica
imensa, mais imensa que
o mar anterior, muito mas muito
mais vasta que nós.
"Bonde da trilhos urbanos,
vão passando os anos, e eu não te perdi
meu trabalho é te traduzir."
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