sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Bruta Flor

A flor é sempre a imagem do poema.
de todos os poemas.

vejo-a, bruta, e tão finamente nítida
delicada em des-delícias,
após todos os quereres aquietados
dormidos, inversos

em plena,
plena, ela, ali

fora de todos os rasgos
fora de todas as rosas
aquieta-se

é linda, bruta
assim delicada
ornada de nada
nada
nada
nada

A palavra, não mais secreta,
secreta lenta seiva

-Há, afinal, raízes que se podem replantar-
não pela muda, não a semente
não para que seja flor outra.
para que seja-se plena

não cresce, não morre,
não quer.

Ah, bruta flor transvivida,
transada, em transe transformada
na mais das mais,
a delicada.

Sem ter fim,
total.
despetalada pois
sem país, desejo, mar
frondosa,
minha     nossa
flor

Onde não queres nada,
              somos,
                          enfim.




Só assim se poderia algum dia ver. A resposta esteve sempre lá, o segredo.
Escutando infinitas, distante, finalmente percebo.
A plenitude me foi dada de presente, no olho do furacão, da ressaca repuxa, vista de longe
de depois de depois de amanhã.
O segredo do Quereres. era esse.
"onde não queres nada, nada falta"


Eu insisto em palavras mas não há, no fundo, o que te dizer
só essa perfeição que não se
mancha, risca, explica
imensa, mais imensa que
o mar anterior, muito mas muito
mais vasta que nós.




"Bonde da trilhos urbanos,
 vão passando os anos, e eu não te perdi
 meu trabalho é te traduzir."


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