Relendo A Imaginação Feminina no Poder 30 anos depois ou: Por que ler Ana C.
Em 1981 Heloisa Buarque de Holanda publica no Jornal do Brasil o artigo intitulado A Imaginação Feminina no Poder, discutindo uma aparente nova cena de mulheres poetas brasileiras, e tendo Ana Cristina Cesar como porta de entrada e centro para a discussão. Heloisa abre seu artigo pela seguinte descrição:
"Trajando knickers amarelo, sandálias chinesas, cabelo punk, com diploma M. A em tradução literária from Essex, e um livro editado em Londres, acaba de retornar ao Brasil Ana Cristina Cesar. Pelo desempenho e visual não deixa margem à dúvida: trata-se do que se convencionou chamar de uma mulher moderna, independente e bem-sucedida."
A introdução da imagem, descrição de uma persona da mulher moderna, independente, bem sucedida introduz a aparente contradição discutida pela autora no texto: A figura daquilo que seria uma convenção de “mulher moderna bem sucedida” é contraposta ao título ("que desconcerta essa imagem") do livro publicado por Ana: Luvas de Pelica, e pela descrição da capa: "que traz um manequim em primeiro plano, oferecendo pó de arroz e perfumes numa vitrina de moda em semitons rosa shocking. Um diário de alcova? Rabiscos e sonhos de uma moça bem-comportada?"
Essa discussão dá o tom do artigo de Heloisa Buarque de Holanda: A imagem da autora mulher bem sucedida e independente não corresponde aos estereótipos da época na sua escrita: O momento histórico pedia da “mulher independente” uma poesia da recusa às imagens de feminilidade tradicionais. Das escritoras da década anterior ao universo institucional em transformação, e aos programas de televisão voltados para a voz feminina, Heloisa faz um breve apanhado do cenário contemporâneo a seu texto no que diz respeito à voz feminina no Brasil. Comenta a linguagem de uma poesia feminina da década de setenta que denomina como "fala feminina liberada", que se permite tomar espaços do discurso resguardados ao homem, e aponta com precisão a premiação da poeta Gilka Machado (a quem inclusive elogia), como reconhecimento tardio, mas que representa o início de um ganho de espaço das reivindicações femininas dos anos setenta.
Por outro lado, diante de tal cenário Heloisa vê surgir uma nova geração de mulheres na poesia, que parecem trazer de volta à tona os temas do cotidiano íntimo e especificamente doméstico. Depois de uma comparação de títulos entre as gerações, Heloisa se atém ao pequeno livro de Ana C: Luvas de Pelica seria um diário de viagem, e aqui as observações da autora aprofundam a aparente contradição. Ao invés de relatar idas, descobertas, etc, o diário de viagem de Ana C surpreende o leitor que busca as expectativas tradicionais do gênero:
"O que parece interessar aqui é precisamente o não ir, o ficar, o voltar e o exercício obsessivo de escrever inúmeras cartas para o ponto de partida, a empenhadíssima construção de um pequeno espaço silêncios, em vez da conquista e da exploração do mundo." comenta Heloisa.
Para a autora, a proposta do livro é justamente uma retomada do tom íntimo e das imagens de universo doméstico, sensibilidade e confinamento. O livro estaria construído em torno dos "estigmas femininos", que seriam, segundo ela, "tabus para o feminismo". Fazendo uma crítica bastante direta e dura, porém coerente em sua argumentação, Heloisa Buarque de Holanda parte de sua análise da obra de Ana C para falar mais diretamente ao discurso feminista:
"Sem que se possa duvidar dos objetivos de sua luta, o discurso feminista supõe algumas simplificações e uma certa incapacidade, enquanto linguagem, para enfrentar seus fantasmas mais delicados. Na busca da igualdade, o discurso que informa as lutas feministas de certa maneira legitima os mitos que sustentam o modo de produção capitalista."
Para a autora, Ana Cristina Cesar, em conjunto com uma série de outras poetas a quem vai acrescentando à discussão (Mara Lucia Alvin, Lucia Villares, e Maria Rita Kehl), parece apresentar uma saída poética para essa linguagem feminista à qual ela deseja criticar. Algo de novo na linguagem feminina se apresenta para a autora a partir desse lugar do discurso feminino que retoma os temas característicos do espaço tradicionalmente feminino. O livro em forma de diário de viagem que trabalha muito mais as imagens de confinamento, segredo, cartas enviadas à casa, construiria poeticamente justamente esse espaço, uma retomada da linguagem “feminina” rejeitada anteriormente.
É interessante porém nos ater ao momento em que Heloisa menciona uma conversa com Ana Cristina, na qual a poeta fala do livro em questão a partir de uma imagem bastante interessante:
"Ela, ao se referir ao livro, conta, como numa parábola, a história da passividade do óvulo: 'Sem dar a menor atenção à verdade fisiológica, diz-se que o óvulo, imóvel, fica à espera do exercício tumultuoso e valente de espermatozoides para ser fecundado. Ninguém fala da longa e perigosa viagem solitária percorrida pelo óvulo através de túneis obscuros'. E conclui: 'Esse livro que aborda as viagens pelo lado do confinamento é uma contribuição à biologia do segredo e à maldade desse tom'.
A relação que a poeta faz entre a pressuposta inatividade/passividade do óvulo e sua proposta no livro de "viagens pelo lado do confinamento" é bastante interessante para pensar, como o faz Heloisa, essa proposta da retomada do lugar do confinamento feminino, das imagens do ambiente doméstico na linguagem da poesia feminina. Parece importante lembrar, no entanto, que a ideia do papel ilusoriamente passivo do óvulo, e a crítica ao sustento machista desse pressuposto se remete a ninguém menos que Simone de Beauvoir, na base da teoria feminista. Talvez, portanto, o que ocorra nessas propostas poéticas que surgem ali, das mulheres do início da década de 80, sensivelmente observadas por Heloisa Buarque de Holanda, seja antes uma reorganização dessa linguagem crítica da mulher, feminista mesmo, e uma forma de trazer à tona a discussão dessas imagens de passividade e reclusão, suas ambivalências e contradições inerentes, do que uma recusa direta da tal linguagem feminista criticada por Buarque de Holanda. A autora detecta nessa nova geração de mulheres na poesia, aquilo que ela chama de "sintomas de um discurso pós-feminista, um novo espaço para a reflexão sobre o poder da imaginação feminina."
Para aquelas que lêm o artigo de Heloisa aqui dessa distância temporal de já mais de trinta anos, talvez o termo pós-feminista cause estranhamento (ou para algumas, como esta que vos fala, bastante incômodo) e não é à toa. Num momento em que o feminismo se tornou, novamente, assunto pop, e se discute longamente nos blogs, redes sociais, e tantos outros ambientes reais e virtuais a importância de um movimento que parece aos poucos ganhar de fato novas caras, em constante transformação, mais inclusivo aliás, soa bastante estranho falar em "pós feminismo". O que me parece, no entanto, é que as palavras de Heloisa Buarque de Holanda refletem um momento bastante específico da nossa história cultural, e o que se havia produzido em termos de literatura informada e inspirada pelo feminismo nos anos 70 por grande parte das poetas no Brasil se reduzia, de certa forma, a esse feminismo no qual Ana C e suas companheiras de geração já não cabem. O significado do termo 'feminismo' muda (atualmente talvez mais plural do que nunca) imensamente nesses últimos trinta anos, e talvez o feminismo ao qual Heloisa se referisse em 81 seja bastante específico dessa estética do choque e do desrecalque. Nesse contexto poetas como Ana C vêm inaugurar um novo momento em que, cansadas dos brados, buscam novos significados (bastante críticos, aliás) para o universo da suposta "feminilidade", pelo lado de dentro.
Vale observar, por outro lado, que seria ilusório acreditar que tenha sido superada a necessidade dos brados e afirmações severas de direito a um espaço para além do doméstico na nossa cultura, e que mesmo nos idos de 2016 ainda se precisa publicamente lutar contra a imagem imposta por veículos de comunicação da mulher "bela, recatada e do lar". Mas notemos que, para isso, hoje a militância feminista, talvez mais massificada, parece querer se constituir inclusiva, ditando menos as regras do "desrecalque". Mais a mulher do "lugar de mulher é onde ela quiser", do que a negação completa do lar. Que a mulher possa ser "do lar" ou "do bar", em momentos diferentes, pediam algumas das hashtags usadas na resposta à revista Veja e sua descrição redutora porém exaltante de Marcela Temer. Hoje parece haver maior investimento no protagonismo e no poder de escolha, com todos os problemas de individualismo que isso poderá nos trazer, e também as vantagens. Tudo são fases. Ainda assim talvez esse "pós-feminismo" poético que Heloisa anunciava em 81 (e eu preferia hoje chamar de feminismo mesmo, apenas num momento específico, em movimento como todo conceito, na disputa eterna de significados), tenha ajudado a construir as bases para a cultura feminista que se configura hoje, mais popularizada, talvez. Uma cultura feminista menos resumida à estética do choque (que não precise abrir mão totalmente dela, mas que encontre nos âmbitos da sensibilidade também suas manifestações), uma cultura do feminismo mais plural nas suas manifestações artísticas, imagéticas, poéticas. A própria pluralidade de “feminismos” da qual se fala hoje na militância e no espaço mais massificado das redes sociais talvez seja fruto também dessa mudança que se evidencia pelas poetas da geração de Ana Cristina: ser mulher e procurar compreender-se enquanto mulher se torna mais plural, as imagens se misturam entre a delicadeza e o soco, há menos certo e errado. O que não quer dizer que haja menos busca, menos perguntas, pelo contrário. É possível que essas poetas das quais nos falava Heloisa em 81, Ana C como carro chefe, tenham contribuído imensamente na construção, justamente, das imagens da cultura pop atual, mais plurais da mulher.
Em 1981 Heloisa Buarque de Holanda publica no Jornal do Brasil o artigo intitulado A Imaginação Feminina no Poder, discutindo uma aparente nova cena de mulheres poetas brasileiras, e tendo Ana Cristina Cesar como porta de entrada e centro para a discussão. Heloisa abre seu artigo pela seguinte descrição:
"Trajando knickers amarelo, sandálias chinesas, cabelo punk, com diploma M. A em tradução literária from Essex, e um livro editado em Londres, acaba de retornar ao Brasil Ana Cristina Cesar. Pelo desempenho e visual não deixa margem à dúvida: trata-se do que se convencionou chamar de uma mulher moderna, independente e bem-sucedida."
A introdução da imagem, descrição de uma persona da mulher moderna, independente, bem sucedida introduz a aparente contradição discutida pela autora no texto: A figura daquilo que seria uma convenção de “mulher moderna bem sucedida” é contraposta ao título ("que desconcerta essa imagem") do livro publicado por Ana: Luvas de Pelica, e pela descrição da capa: "que traz um manequim em primeiro plano, oferecendo pó de arroz e perfumes numa vitrina de moda em semitons rosa shocking. Um diário de alcova? Rabiscos e sonhos de uma moça bem-comportada?"
Essa discussão dá o tom do artigo de Heloisa Buarque de Holanda: A imagem da autora mulher bem sucedida e independente não corresponde aos estereótipos da época na sua escrita: O momento histórico pedia da “mulher independente” uma poesia da recusa às imagens de feminilidade tradicionais. Das escritoras da década anterior ao universo institucional em transformação, e aos programas de televisão voltados para a voz feminina, Heloisa faz um breve apanhado do cenário contemporâneo a seu texto no que diz respeito à voz feminina no Brasil. Comenta a linguagem de uma poesia feminina da década de setenta que denomina como "fala feminina liberada", que se permite tomar espaços do discurso resguardados ao homem, e aponta com precisão a premiação da poeta Gilka Machado (a quem inclusive elogia), como reconhecimento tardio, mas que representa o início de um ganho de espaço das reivindicações femininas dos anos setenta.
Por outro lado, diante de tal cenário Heloisa vê surgir uma nova geração de mulheres na poesia, que parecem trazer de volta à tona os temas do cotidiano íntimo e especificamente doméstico. Depois de uma comparação de títulos entre as gerações, Heloisa se atém ao pequeno livro de Ana C: Luvas de Pelica seria um diário de viagem, e aqui as observações da autora aprofundam a aparente contradição. Ao invés de relatar idas, descobertas, etc, o diário de viagem de Ana C surpreende o leitor que busca as expectativas tradicionais do gênero:
"O que parece interessar aqui é precisamente o não ir, o ficar, o voltar e o exercício obsessivo de escrever inúmeras cartas para o ponto de partida, a empenhadíssima construção de um pequeno espaço silêncios, em vez da conquista e da exploração do mundo." comenta Heloisa.
Para a autora, a proposta do livro é justamente uma retomada do tom íntimo e das imagens de universo doméstico, sensibilidade e confinamento. O livro estaria construído em torno dos "estigmas femininos", que seriam, segundo ela, "tabus para o feminismo". Fazendo uma crítica bastante direta e dura, porém coerente em sua argumentação, Heloisa Buarque de Holanda parte de sua análise da obra de Ana C para falar mais diretamente ao discurso feminista:
"Sem que se possa duvidar dos objetivos de sua luta, o discurso feminista supõe algumas simplificações e uma certa incapacidade, enquanto linguagem, para enfrentar seus fantasmas mais delicados. Na busca da igualdade, o discurso que informa as lutas feministas de certa maneira legitima os mitos que sustentam o modo de produção capitalista."
Para a autora, Ana Cristina Cesar, em conjunto com uma série de outras poetas a quem vai acrescentando à discussão (Mara Lucia Alvin, Lucia Villares, e Maria Rita Kehl), parece apresentar uma saída poética para essa linguagem feminista à qual ela deseja criticar. Algo de novo na linguagem feminina se apresenta para a autora a partir desse lugar do discurso feminino que retoma os temas característicos do espaço tradicionalmente feminino. O livro em forma de diário de viagem que trabalha muito mais as imagens de confinamento, segredo, cartas enviadas à casa, construiria poeticamente justamente esse espaço, uma retomada da linguagem “feminina” rejeitada anteriormente.
É interessante porém nos ater ao momento em que Heloisa menciona uma conversa com Ana Cristina, na qual a poeta fala do livro em questão a partir de uma imagem bastante interessante:
"Ela, ao se referir ao livro, conta, como numa parábola, a história da passividade do óvulo: 'Sem dar a menor atenção à verdade fisiológica, diz-se que o óvulo, imóvel, fica à espera do exercício tumultuoso e valente de espermatozoides para ser fecundado. Ninguém fala da longa e perigosa viagem solitária percorrida pelo óvulo através de túneis obscuros'. E conclui: 'Esse livro que aborda as viagens pelo lado do confinamento é uma contribuição à biologia do segredo e à maldade desse tom'.
A relação que a poeta faz entre a pressuposta inatividade/passividade do óvulo e sua proposta no livro de "viagens pelo lado do confinamento" é bastante interessante para pensar, como o faz Heloisa, essa proposta da retomada do lugar do confinamento feminino, das imagens do ambiente doméstico na linguagem da poesia feminina. Parece importante lembrar, no entanto, que a ideia do papel ilusoriamente passivo do óvulo, e a crítica ao sustento machista desse pressuposto se remete a ninguém menos que Simone de Beauvoir, na base da teoria feminista. Talvez, portanto, o que ocorra nessas propostas poéticas que surgem ali, das mulheres do início da década de 80, sensivelmente observadas por Heloisa Buarque de Holanda, seja antes uma reorganização dessa linguagem crítica da mulher, feminista mesmo, e uma forma de trazer à tona a discussão dessas imagens de passividade e reclusão, suas ambivalências e contradições inerentes, do que uma recusa direta da tal linguagem feminista criticada por Buarque de Holanda. A autora detecta nessa nova geração de mulheres na poesia, aquilo que ela chama de "sintomas de um discurso pós-feminista, um novo espaço para a reflexão sobre o poder da imaginação feminina."
Para aquelas que lêm o artigo de Heloisa aqui dessa distância temporal de já mais de trinta anos, talvez o termo pós-feminista cause estranhamento (ou para algumas, como esta que vos fala, bastante incômodo) e não é à toa. Num momento em que o feminismo se tornou, novamente, assunto pop, e se discute longamente nos blogs, redes sociais, e tantos outros ambientes reais e virtuais a importância de um movimento que parece aos poucos ganhar de fato novas caras, em constante transformação, mais inclusivo aliás, soa bastante estranho falar em "pós feminismo". O que me parece, no entanto, é que as palavras de Heloisa Buarque de Holanda refletem um momento bastante específico da nossa história cultural, e o que se havia produzido em termos de literatura informada e inspirada pelo feminismo nos anos 70 por grande parte das poetas no Brasil se reduzia, de certa forma, a esse feminismo no qual Ana C e suas companheiras de geração já não cabem. O significado do termo 'feminismo' muda (atualmente talvez mais plural do que nunca) imensamente nesses últimos trinta anos, e talvez o feminismo ao qual Heloisa se referisse em 81 seja bastante específico dessa estética do choque e do desrecalque. Nesse contexto poetas como Ana C vêm inaugurar um novo momento em que, cansadas dos brados, buscam novos significados (bastante críticos, aliás) para o universo da suposta "feminilidade", pelo lado de dentro.
Vale observar, por outro lado, que seria ilusório acreditar que tenha sido superada a necessidade dos brados e afirmações severas de direito a um espaço para além do doméstico na nossa cultura, e que mesmo nos idos de 2016 ainda se precisa publicamente lutar contra a imagem imposta por veículos de comunicação da mulher "bela, recatada e do lar". Mas notemos que, para isso, hoje a militância feminista, talvez mais massificada, parece querer se constituir inclusiva, ditando menos as regras do "desrecalque". Mais a mulher do "lugar de mulher é onde ela quiser", do que a negação completa do lar. Que a mulher possa ser "do lar" ou "do bar", em momentos diferentes, pediam algumas das hashtags usadas na resposta à revista Veja e sua descrição redutora porém exaltante de Marcela Temer. Hoje parece haver maior investimento no protagonismo e no poder de escolha, com todos os problemas de individualismo que isso poderá nos trazer, e também as vantagens. Tudo são fases. Ainda assim talvez esse "pós-feminismo" poético que Heloisa anunciava em 81 (e eu preferia hoje chamar de feminismo mesmo, apenas num momento específico, em movimento como todo conceito, na disputa eterna de significados), tenha ajudado a construir as bases para a cultura feminista que se configura hoje, mais popularizada, talvez. Uma cultura feminista menos resumida à estética do choque (que não precise abrir mão totalmente dela, mas que encontre nos âmbitos da sensibilidade também suas manifestações), uma cultura do feminismo mais plural nas suas manifestações artísticas, imagéticas, poéticas. A própria pluralidade de “feminismos” da qual se fala hoje na militância e no espaço mais massificado das redes sociais talvez seja fruto também dessa mudança que se evidencia pelas poetas da geração de Ana Cristina: ser mulher e procurar compreender-se enquanto mulher se torna mais plural, as imagens se misturam entre a delicadeza e o soco, há menos certo e errado. O que não quer dizer que haja menos busca, menos perguntas, pelo contrário. É possível que essas poetas das quais nos falava Heloisa em 81, Ana C como carro chefe, tenham contribuído imensamente na construção, justamente, das imagens da cultura pop atual, mais plurais da mulher.