quinta-feira, 30 de setembro de 2010

amor, humor, rumor, humo.

O que eu quero temem os tradicionalistas.
temem, também, os alternativos.

Eu quero o alternativo do alternativo!

O que eu quero não se chama "amor", porque o que eu quero ainda não existe.

O que eu quero ainda está pra ser criado: no passo, muito além da liberdade.

me entreguei à utopia, de corpo inteiro.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

tenho o tempo da terra

Ontem ao levantar da cama tropecei e caí de boca em um conto. Deixei para escrevê-lo quando a internet existisse. Este seria o momento, caso eu não tivesse sido acometida por essa queda de pressão, por essa consciência repentina de tantas impossibilidades, por esse tapa de fraqueza e por esse vislumbre de uma possível construção que destoa do mundo, por ser lenta. E por essa imediatez que em mim não tem resposta. Em mim esse impulso não tem resposta. Em mim essa bela rosa entregue, pedida, desesperada, não tem resposta. Não tem resposta imediata. Se deixares que eu germine, serás estão o primeiro que soube esperar o tempo do Sol. Enquanto tudo se dá nesse tempo impulsivo, ainda estou sentada olhando as estrelas.

"go easy on me, I can´t help what I´m doing"

I am the lady of the morning after
I am a person of the morning after
I am the little girl of the morning after.

A love, to me, must be first lived, then real
First gained, then laid out, like fire-wood for the winter.

I am the lady of the morning after
My bed is that which will be made, as he has left.
As he has left, I had started the building of our tower.
I have no will and I blossom no earthly stems at night
I but allow my soul to wander, to magically transform into water
At the peak of the first night.

Man lays his herd, Man lays his kingdom
On the first bed, of the first clearing of the woods:
In the first place where his maiden has cleared the leafs,
Has let her soul wander, has leapt towards a glass of water with no
no intentions.

Man lays on the bed of the night, Man marries the first night
Man loves and proclaims his kingdom in my bed
And I am not but listening to the stars
To the words of the gods that say “yes”
That say “follow”. I am not, yet, his.
Man offers, presses his gold on the house I have not yet built
I am the lady of the morning after.
I awake to make the bed where I will dream
I awake to create the fields of wheat
-the fields we have dreamed together, as plans-
I awake to embrace, knitting Penelope´s sheets,
That which has already taken place.

I need the time of the Sun.
Man has left the bed.
Man has gone to his Day.
Man has lived what I have planned.
Man has lived the mid-summer night´s dream I dreamt.
While my eyes, wide-shut created the sketches of this day,
Man has lived it,
frighteningly laid his entire naked body
On this real love, on this moment before my love.
On this plan of love.
I am the lady of the morning after
The night was the dream in which I planned
The night was the womb in which I carried the imaginary love
The love that Man lived.
I now awake to this reality
I then awake to live the dream I had at night,
To live that which it was too soon to embrace
I now awake to make our future bed
But Man has left.
Man has lived and loved while I dreamed and planned
The love I´d love,
The morning after.
I am the lady of the morning after.


E parece que ha apenas essa sórdida divisão entre os que assustam-me, e fujo... E os que acabam de amar, antes mesmo que eu comece.

As tuas rosas são atiradas aos montes, aos meus lábios e aos vermes.
As minhas rosas... têm caule, raizes, têm roseiras.

Amanhã, o conto. Meu corpo ainda treme o esquecimento do jantar. Procrastine-me, outra vez, pelo bem da sede.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Começa assim: fiz um blog. Ou, "queixei-me de baratas".

[Não, não possuo a pretensão nem, mais importante, a despretensão da "Quinta História" nem muito menos das "Primeiras"]
Gosto, apenas, de pontuação, ao modo do pêssego: pelo sabor desordenado.

O primeiro chama-se:

Três Tentativas de Três Poemas de Lisboa para Três Tigres Tristes

BAIXO:

A Ladeira do Salitre
E eu não escuto canções portuguesas...
Apenas as minhas
As minhas canções de fora.
O nome da rua é uma palavra cheia
(Tinha os seus sapatos...
Tem o poema de um peruano...)

Se fosse corrosivo, não passaria do chão
perambulantemente liso,
do escorregador que é a Rua do Salitre.

As senhoras portuguesas são as donas do mundo.
- Alguém esqueceu um cacho vazio
Na rua do comércio-
Só as senhoras portuguesas não vão ao chão.
Só o peso de ser uma senhora portuguesa
Equilibra teus pés nessas calçadas.
Nós caimos todo dia.

SALTO:

Que saudades de Lisboa
A Lisboa que eu não vivi
as saudades que eu não amei,
as saudades que não permiti.

Que saudades de Lisboa
Lisboa de distâncias,
triste ânsia de não existir.

Saudades dos teus claros enredos subindo ausentes,
do Salitre dos teus mil ventres.
que saudades do pai que não amei,
das rosas que não lhe dei
dos poemas que desescrevi.

Lisboa, amor estranho,
rejeitado, estanque
ventoso de veias azuis.

Que saudades do teu mar gelado,
me expulsar mastigado...
Lisboa e teu desconforto de lar morto,
tua língua nova que me desaprova
Que saudades de tua lembrança,
Lisboa criança
a espera de partir.

ALTO

Na minha boca, amanheceu.
Fora, continuam os cabelos encrespados da alta noite
O horizonte é mais imagem que distância.
-Ali é o Tejo, e não o mar.-
O horizonte é calmo, como meu antigo armário, espera
-Ali é o Tejo, e não o mar.-
O quadro é de uma Lisboa preta
Como uma bahiana inchada
pintada de luzes coloniais.

Fora, a noite urbana e alta
E o horizonte é baixo braço `a minha espera
-Ali é o Tejo, e não o mar-
Fora, a noite arde em cardumes lascivos
Aglomerados alarmantes testando o porto
ignoram o mar...
-Ali é o Tejo, e não o mar.-

O horizonte diluido na cidade esferográfica
A noite alta rastreia cheiros atlânticos
na direção bucólica de bússola
pra onde apontam meus infantes mamilos
-Ali é o Tejo, e não o mar!

Na minha boca, amanheceu.



"pronto", como dizia a garota portuguesa, que também chamava durex de "fita-cola" e "deitava fora" as fotos que não ficavam bem no laboratório. Acho muito bonito que se deitem fora coisas. Jogar é de fato de uma grande indelicadeza com o passado.
É tempo de inverno, e como diz meu instrutor de kempo: "morre. começa de novo"

Não, não sei quando é a época de pêssegos