quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Cola aqui
Vem bater na minha porta, não mude a minha vida, não se declare, não me ame.
Cola aqui e me segura muito de leve, cola no meu pescoço e respira
Vem não mudar nada na minha vida, vem tomar um chá e deixar tudo como está
Me dá uma colher de chá bota açúcar nas frutas, liga o fogo e me pede pra tirar a sua blusa.
Vem quieto no meio da noite e me deita perto do chão, segura com os ombros a ponta dos meus dedos, arqueia as minhas costas, escolhe a minha pele, encolhe o ar que fica entre
Entra, fica à vontade. Deita no meu sofá, tira o sapato. Tira o meu ar, me dá risada.
A casa é sua, tira o seu casaco, abre a minha geladeira e os meus joelhos
Ajoelha e abre o meu zíper
Desiste e me abraça, descuida e enlaça meus pés por cima
Pisa no ritmo e encontra as coxas e as minhas costas
Segura as tuas mãos e deixa
Deixa quieto, fala do tempo, faz piada, acalma, desespera,
Me pega pela nuca, me diz que nunca  
Larga as coisas na minha cadeira, as mãos na minha cintura
Desmente, desvia, me gira e coça o seu queixo rindo de lado
Passa as mãos pelos seus cabelos pelos meus braços pelos
Até acabar descansa os cantos do olhar
Encosta, até desencostar.
Cola aqui.


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