sábado, 31 de maio de 2014

arranha

procrastina, por uma palavra menor
que tirasse o peso
que fosse rasa
que acalmasse a alma, o almoço

pra frente em projeção que salta dias, meses
me inverto, detesto o verbo
des(-)calço des(-)laço des(-)integro

tudo pra amanhã, pra ontem.

escondo as contas, o sexo, a cara de gozo
por baixo dos panos, toalhas de mesa, por baixo dos líquens pedrasobrepedra
não engulo
não verto
não cuspo
não falo mais que três sílabas

excesso de própolis, digestão. escorrega a carta por baixo da porta
nada nessa mão, nada nessa mão
o sinal as luzes as cores os olhos, não.
não tem calma, nem eira
não tem mesa, lápis, cama
não passam o pássaros.

inverno-me. desgosto de maçã,
carvão, cera, depilação
nada nessa mão, nada nessa mão.

desvio os olhos, desprezo o homem,
faço de conta,
des(-)caso, mascaro, des(-)afago afogo

agulhada por baixo da unha
minha impaciência,
meu desejo
teu desejo meu desprezo
a glaciação

chãos esponjosos, de nada, boa noite
des(-)isto ou aquilo
nada que coma, nada que chupe, nada.

domingo, 11 de maio de 2014

txt

Txt

teu sorriso de papel
que não serve de nada, que não despe ninguém
que nem é de papel
não sinto raiva, que ódio de não sentir raiva, que tédio de não verter-te em.
te jogo de novo uma flecha e você responde corta
a locação fecha, virtual
o boom ta aparecendo no alto da página, eu sei.

não é teatro, meu bem, não é verdade
é ficção de passado, fixação sem erro
eu jogo a flecha e você nem fere nem agarra nem arde
guarda, pelo menos, a carta
que raiva, não sinto a menor raiva.
teu sorriso amarelo redondo que nem é sorriso, é só um não
lembro quando eles respondiam mentiras pelo menos
entra no clima, escuta billie holiday, volta um pouco a fita
a gente brinca, só, pra dizer que ainda dava tempo
dava tempo despontar naquele canto um dente, uma voz, dava tempo de ver
teu cabelo sumindo na multidão

sorriso é pior que reticência
mastiga tua maçã azeda,
me perde na biblioteca,
pingos nos ípselons

eu continuo com cheiro de ontem.

Txt

teu sorriso de papel
que não serve de nada, que não despe ninguém
que nem é de papel
não sinto raiva, que ódio de não sentir raiva, que tédio de não verter-te em.
te jogo de novo uma flecha e você responde corta
a locação fecha, virtual
o boom ta aparecendo no alto da página, eu sei.

não é teatro, meu bem, não é verdade
é ficção de passado, fixação sem erro
eu jogo a flecha e você nem fere nem agarra nem arde
guarda, pelo menos, a carta
que raiva, não sinto a menor raiva.
teu sorriso amarelo redondo que nem é sorriso, é só um não
lembro quando eles respondiam mentiras pelo menos
entra no clima, escuta billie holiday, volta um pouco a fita
a gente brinca, só, pra dizer que ainda dava tempo
dava tempo despontar naquele canto um dente, uma voz, dava tempo de ver
teu cabelo sumindo na multidão

sorriso é pior que reticência
mastiga tua maçã azeda,
me perde na biblioteca,
pingos nos ípselons

eu continuo com cheiro de ontem.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

como prova o Galileu

Primeiro foi o corte. o choque de perda, o rasgo.
first, the gunshot, right through my ear

Depois, o golpe de ar que falta, o medo de ter tido
o de-re-s-piro
then the blink, the untouch of faith, what if in reverse.

Então vieram raios
after that, the raging comets that killed the dinosaurs

E a placidez quase repentina, o descanso das tréguas azuis
que gestam-se alastradas, vastidão de coisa justa.
the breath of winter mornings, the absense in its might,
the calm fresh water spaces between.

Por fim, algo se move. em sonho, o silêncio se percebe
nenhuma palavra entre então e agora, o mudo violão em eco.
estátuas de pedra asceleram-se inertes, a necessidade ríspida
de mover os móveis.
At last the room notices itself, the whiteness of walls, the need.
eyes in rapid movement distress after the essence of the push,
the agent of shift is gone, his shadow claws over the furniture

Strong hands that cause subtle earthquakes
Admito sem nenhum pudor: preciso das suas desordens

To write!