sábado, 31 de maio de 2014

arranha

procrastina, por uma palavra menor
que tirasse o peso
que fosse rasa
que acalmasse a alma, o almoço

pra frente em projeção que salta dias, meses
me inverto, detesto o verbo
des(-)calço des(-)laço des(-)integro

tudo pra amanhã, pra ontem.

escondo as contas, o sexo, a cara de gozo
por baixo dos panos, toalhas de mesa, por baixo dos líquens pedrasobrepedra
não engulo
não verto
não cuspo
não falo mais que três sílabas

excesso de própolis, digestão. escorrega a carta por baixo da porta
nada nessa mão, nada nessa mão
o sinal as luzes as cores os olhos, não.
não tem calma, nem eira
não tem mesa, lápis, cama
não passam o pássaros.

inverno-me. desgosto de maçã,
carvão, cera, depilação
nada nessa mão, nada nessa mão.

desvio os olhos, desprezo o homem,
faço de conta,
des(-)caso, mascaro, des(-)afago afogo

agulhada por baixo da unha
minha impaciência,
meu desejo
teu desejo meu desprezo
a glaciação

chãos esponjosos, de nada, boa noite
des(-)isto ou aquilo
nada que coma, nada que chupe, nada.

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